sábado, 27 de dezembro de 2008

Tolkien e Trespass


Conheci o album dos Genesis Trespass em 74 ou 75. Ainda hoje gosto dele, do seu ar épico, pomposo.
O desenho da capa, de Paul Whitehead, era simplesmente espetacular.
Vários anos depois, comecei a ler o Senhor dos Anéis, de Tolkien.
Não conhecia nada do autor nem do género que ele escrevia. Nem sei como é que o livro me veio parar às mãos.
Comecei por não perceber nada pois estava sempre a tentar localizar a história em qualquer sítio e tempo conhecidos.
É claro que tive que desistir.
Mas adiante.
A certa altura chego a Rivendell, onde iria ter lugar o Conselho de Elrond. Ao ver as descrições dos elfos, das suas casas, das suas roupas, veio-me logo à memória, a capa do Trespass.
Imediatamente!
Aquele casal de príncipes (?), aquela paisagem a perder de vista, a fazer lembrar a etapa inicial da viagem de Frodo, a arquitectura do palácio, de que apenas vemos, pelo lado interior, as janelas, etc..

No que procurei sobre o artista que desenhou a capa, não encontrei um mínimo de indício de que ele teria em mente os livros de Tolkien quando a desenhou.
Mas o certo é que não deixa de ser curioso o modo tão imediato como eu estabeleci a ligação entre estas duas coisas.
Tenho a discografia quase toda dos Genesis (até ao The Trick of the Tail (1976) mas este album, com a sua capa, continua perto de mim.
E o Senhor dos Anéis também, claro.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Nota do Tradutor



As Notas do Tradutor são sempre úteis.

Em determinados termos, deixam o texto incólume (palavras ou expressões cujo significado preciso é na sua língua original que se capta), noutros deixam a impressão da solenidade do termo (organismos estaduais) e noutros... não são tão úteis nem esclarecem nada do texto traduzido.

Li recentemente um livro já antigo (o original é de 1987) de ficção (o resumo pode ser aqui consultado mas não aconselho; vale mais ler o livro) que trata de uma aventura em volta da não ocorrência da morte de Hitler, no bunker (esta também é daquelas palavras que não são traduzidas), de Berlim em Abril de 1945.

O tradutor chama-se Carlos Peres Sebastião e Silva.

Em algumas notas, não traduz só. Dá informações que não são pedidas (por exemplo, p. 25) ou sequer interessantes para se perceber o texto (p. 209).

Mas em duas notas ele vai muito mais além do que se pede a um tradutor.

Na pág. 261, no texto, refere-se que o Papa Pio XII tinha no início da guerra, provas concretas dos campos de morte e da sua função. Trata-se, note-se bem, de um diálogo entre duas personagens de um romance de ficção. Surge a surpreendente N. do T.: «Os campos da morte nazis só foram implementados a partir de 1942, em plena guerra, portanto. Esta afirmação (e as subsequentes) do autor em relação ao Papa é assim totalmente desprovida de sentido».

Não me interessa se este facto é verdadeiro; o que me interessa é que isto não tem nada a ver com a tradução.

Na pág. 645, surge a melhor.

Já não estamos na história, o romance já acabou. Trata-se uma nota do autor sobre o livro que ele escreveu e que acabamos de ler: «É irónico que Estaline, o simpático aliado a que os americanos chamavam Uncle Joe, provavelmente tenha ultrapassado em muito Hitler quanto a número de mortor de que este foi responsável, naquilo a que o grosseiro georgiano chamava “trabalho molhado”». Depois disto, vem a respectiva N. do T.: «Segundo alguns historiadores e dissidentes russos como Alexandre Soljenitsine, o número de mortos às ordens de Estaline poderá oscilar entre um mínimo de 28 milhões e um máximo de quase 50 milhões de pessoas o que faz de José Estaline o maior carniceiro da História».

De novo, não me interessa se isto é ou não verdade; o que me interessa é a tradução.

E o que é que isto tem que ver com a tradução?

Trata-se de um tradutor ou de um comentador?

sábado, 6 de dezembro de 2008

Obladi




Deixei um comentário na Loja de Esquina a respeito de um EP dos Beatles que foi publicado em Portugal a seguir ao Album Branco.
Lembrava-me perfeitamente da capa mas em nenhum dos livros que tenho sobre aquele grupo tinha o desenho.
Mas há sempre mais um livro sobre os Beatles e foi no Beatles em Portugal, de Luís Pinheiro de Almeida e Teresa Lage, que encontrei a capa (p. 162), bem como a data de publicação (Março de 1969).
Em casa dos meus sogros existe um exemplar deste EP mas eu só vou lá uma vez por ano e, se calhar, em 2009, não poderei ir. Vou esperar por 2010 para trazer o disco.
As músicas são: Ob-la-di Ob-la-da, Julia, While My Guitar Gently Weeps e Back in the USSR.
Esta fotografia (porque a do livro era demasiado pequena) foi tirada daqui.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A Ditadura Romana


Esta foi uma instituição útil e controlada com o fim de obviar situações de emergência e grande perigo. Sendo a regra a colegialidade dos titulares dos cargos, os romanos pensaram que essa não era a melhor opção +ara situações de crise; seria preferível a acção de um homem só.
O Ditador era nomeado por um cônsul e o seu tempo de exercício era de 6 meses.
Depois deste período, era reposta a colegialidade dos cargos (coisa bem diferente da chamada normalidade democrática).
O primeiro ditador, segundo a Wikipedia, foi Titus Larcius Flavus mas existem outras indicações.
Não fazia ideia que a MFL soubesse um pouco de história antiga.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Gralhas





Comprei recentemente o livro O Fim do Mundo Antigo e o Princípio da Idade Média, de Ferdinand Lot (Edições 70, colecção Lugar da História).
Gosto muito deste tema e achei o livro muito interessante e fácil de ler. Uma coisa que eu não sabia consta de pp. 194-105:
«Estes Godos, ditos Greuntungs, são, a partir do século V, apelidados de Oatrogodos, isto é, “Godos ilustres” (austr) e não Godos do Leste, enquanto que aqueles de que falamos atrás serão chamados Visigodos, isto é, “Godos sábios” (e não Godos do Oeste)».
Mas o que eu quero escrever a respeito deste livro é das suas gralhas!
Nunca li um livro com tantas gralhas, às vezes, 2 ou 3 por página.
Dou os seguintes exemplos:
Na página 73, linha (de texto) 32, escreve-se «as» onde se deve ler «às»;
Na página 80, linha (de texto), 16, escreve-se «area» onde se deve ler «área»;
Na página 139, linha (de texto), 12, escreve-se «alcada» onde se deve ler «alçada»;
Na página 195, linha (de texto), 12, escreve-se «raca» onde se deve ler «raça»;
Na página 454, linha (de texto) 45, escreve-se «permanecera» onde se deve ler «permanecerá»;
Na página 454, linha (de texto) 21, escreve-se «françês» onde se deve ler «francês».
Há muito mais gralhas mas estes chegam para enxovalhar o livro, o tradutor e o revisor, além da própria editora, claro.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Uma caricatura




Gosto desta caricatura do Che.

Não está deificado e mostra bem a cara de morte que ele escondia e que encomendava e entregava para outros. Não sei era esse o propósito do autor mas é assim que eu a entendo.

Embora tenha alguma admiração por ele (afinal era um homem com um ideal, mau que fosse), a verdade é que não lhe tenho qualquer respeito.

Por isso, mostrando esta caricatura o que ele era, acho que ela é boa.

A foto foi tirada daqui, existindo outras ligações.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Mais uma vez

Há uns tempos atrás fiquei chocado por uma manifestação de falta de confiança; afinal, eu tinha ficado chocado em vão porque tudo correu bem.
dois dias na folha de couve oficial, torno a ver o mesmo.
Fico contente porque vejo que os amigos não só para as ocasiões; são para todas as ocasiões.
A diferença de nível hierárquico é nenhuma o que ainda mais conforma o meu igualatarismo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O Almanaque

O Almanaque foi uma revista mensal (salvo para o fim, como é costume) que se publicou nos finais de 50 e pricípios de 60 do século passado.
Era uma revista de vanguarda, quanto mais não fosse porque era diferente. Diferente na apresentação, diferente no conteúdo e diferente na quantidade e na qualidade dos seus colaboradores (Sebastião Rodrigues, João abel manta, José Cardoso Pires, Alexandre O’Neil, etc.).
O seu director foi J. A. de Figueiredo de Magalhães, com orientação gráfica de Sebastião Rodrigues e fotografia de eduardo Gageiro. Tinha a sua sede na R. da Miseridórdia, n.º 125, 1.º — Não se indica a terra onde fica esta rua mas tudo leva a crer, pelo umbiguismo próprio de quem é, que fica em Lisboa.
Além da publicidade própria da época sob a forma de pequena notícia (por exemplo, um Taunus que vai dos 0 aos 100 em 17 segundos — Novembro de 1960, p. 31), tinha rubricas muito próprias. A fundamental, a meu ver, eram as crónicas do reino de Pacheco onde, a pretexto dis e daquilo, se escalpelizava o país de então; de uma forma elegante, irónica e atenta.
Adiante, colocarei aqui algumas peças tiradas dessa revista mas, para já, não resisto ao seguinte excerto:
«Vasco Pulido Valente
Nasceu em 1941. Frequentou a Faculdade de Direito e está à espera que chegue Outubro para se matricular em Filologia Românica onde espera formar-se.
Uma vez obtida a utilísima licenciatura faz tenções de emigrar para o Brasil.»
(Julho de 1960).

sábado, 23 de agosto de 2008

Idas e vindas

Nestas coisas de férias, com portos, estações e aeroportos, lembro-me sempre da seguinte anedota:
O Américo Tomáz foi ao Aeroporto da Portela despedir-se do Cardeal Cerejeira que viajava para Roma.
Diz o Américo Tomaz:
- Adeus Insigne Viajante.
Responde o Cardeal:
- Adeus Insigne Ficante.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Enfim!

Tive pena que Portugal perdesse o jogo contra a Alemanha e saísse do Europeu.

Mas só tive pena.

Estou-me nas tintas para a bola e estou farto do «glamour» das bandeirinhas a tresandarem falso patriotismo, do olhar para o que não interessa, do desvio de atenção que ela implica.

Enfim.

Para nós, o Europeu acabou mais cedo e ainda bem que assim foi.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Há um tempo

Há quarenta e poucos anos saiu um album com uma capa parecida com esta. Mas, ainda assim, o melhor estava para vir. Não foi um novo disco mas sim um novo concerto ao vivo; uma só música.
A 25 de Junho tentarei mostrar.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

A guerra das bandeiras


Estive há dias nos Açores pelas festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
Estava a andar por ali quando vejo uma casa, toda florida, com bandeiras. Mais de perto, reparei que uma bandeira era a dos Açores e a outra a da Grécia.
Fiquei espantado porque não vi a Bandeira Nacional.
Falei com os meus amigos deste humilde tasco que me explicaram que a casa é a do Chefe da Confraria do Santo Cristo que é, também, o cônsul da Grécia.
Está bem, está certo que ele ponha lá a bandeira do país estrangeiro que representa — mas a Bandeira Nacional não tem que estar hasteada na presença da bandeira de outro país?
Afinal, que representante é este que a Grécia tem nos Açores? Um indivíduo que nem sequer respeita o seu próprio país? Se eu fosse o Embaixador da Grécia em Portugal ficaria preocupado com a escolha desta pessoa para seu cônsul; se ele trata mal o seu país, então como tratará a Grécia?
Enfim, só fique ofendido.
Não fui na procissão.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Estado caval

Fui andando por aí e deparei com uma página de um escritório de advogados; aliás, segundo me pareceu do que eu li, serão os melhores advogados de sempre.
E ainda bem que assim é.
Ora, acontece que uma senhora advogada dessa sociedade dá a conhecer o seu perfil, o que é sempre bom para sabermos com quem estamos a lidar. No seu estado civil, ela indica: «separada de facto». Eu não sou desta área mas tenho ideia que os estados civis são solteiro, casado, divorciado e viúvo. Pedi, noutro sítio, a opinião de pessoas mais sabedoras e fique com a impressão que aquilo que eu penso é verdade. Ou seja, «separada de facto» não é estado civil.
Mas ela diz que é; mais, até diz que é o seu estado civil.
Com estas, fui ver o currículo da senhora advogada e logo fiquei descansado: nada tem que ver com o chamado Direito da Família.
Isto quer dizer que o estado civil desta senhora é-lhe absolutamente indiferente e nem sequer tem que ser estado civil; pode ser caval, cevel, covol ou cuvul.
Ou seja, acho que é ignorância pura e simples.
Não fica mal assumir.

terça-feira, 4 de março de 2008

Um anúncio

Este foi o anúncio que atirou Steve Mizerak para o público geral, isto é, para além do público que já o conhecia do pool ou snooker. Grande jogador, com vários títulos nos EUA, foi a cerveja Miller que lhe deu grande fama.
A dificuldade do filme não esteve só em embolsar as bolas; na última, o Mizerak olhava para a branca para ver se metia a outra mas não era isso que ele tinha que fazer; ele tinha que levantar o copo de cerveja e olhar para a câmara de filmar, deixando a bola andar.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Moro e a 4L

Sempre me fez muita confusão a morte e rapto do Aldo Moro, em 1978. Lembro-me dos dias angustiantes que se seguiram à notícia da morte e o achamento do cadáver na mala de um carro. Estava mesmo morto antes de o encontrarem? Ainda havia esperança que ele estivesse vivo? Eu tinha entre 14 e 20 anos na altura mas lembro-me disto perfeitamente.
Só recentemente é que me deparei com a fotografia que está aqui ao lado.
O Aldo Moro, assassinado, tinha sido escondido numa 4L!!!
Para quem não sabe, a R 4L é, a seguir a uma meia dúzia de que não me recordo, o melhor carro do mundo (pelo menos, muito melhor que o amaricado 2 CV!).
Fiquei, pois, chocado recentemente, e ao fim de quase 30 anos, ao saber que o Aldo Moro tinha sido escondido numa 4L.
Foram dois atentados à civilização...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008