segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Biografias

Gosto muito de biografias e como não há biografias de pessoas desconhecidas leio aquelas de pessoas famosas.
Não interessa o tempo nem o que fizeram; de algum modo, todos fizeram algo muito relevante e, por isso, são recordados. Claro que muitos não fizeram bem, há sempre um filho da mãe ou outro que chega ao poder e faz o que quer. Aliás, das várias que tenho, talvez o único bonzinho seja o Thomas More. 
Mas também gosto, mais ainda, das autobiografias. Fazem-me sempre rir e deixam-me sempre uma sensação de desconforto: como é que eles, sendo tão bons, tão capazes, tão sérios, não conseguiram executar os seus igualmente tão bons projectos, como é que não conseguiram implantar a sua tão boa visão das coisas e do mundo?
Enfim, mistérios.
A última que li foi a do Salazar, de Filipe de Meneses. Gostei mas estava à espera de melhor, de muito melhor. Por uma lado, depois de lida a do Franco Nogueira (mesmo que hagiográfica), qualquer outra parece incompleta; por outro, a expectativa à volta deste livro foi enorme.

Agora estou a ler a do Sá Carneiro, de Miguel Pinheiro. Estou a gostar imenso. Está bem escrita, claramente escrita, e é, até ver (ainda só cheguei ao 25 de Abril), realmente biográfica. No entanto, encontrei lá (p. 227) uma asneira que só pode ser fruto de distracção (não é caso para lapso). Escreve-se que em «Agosto de 1972 acabava o primeiro mandato de Américo Thomáz». Como é público, naquele mês terminava o seu segundo mandato (o primeiro de 1958 a 1965 e o segundo de 1965 a 1972).
Mas, tirando este erro, estou a gostar bastante do livro.
Está um neste grupo de que já falei e que, pura e simplesmente, não presta.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Neutralidade







Como é sabido, na 2.ª GG, Portugal manteve-se à margem do conflito bélico; assumiu, desde início, a situação de neutral.
Contudo, era aliado da Inglaterra o que implicava obrigações de algum vulto.
Acabou Portugal por, em cumprimento da aliança, beneficiar os Aliados (base dos Açores) e prejudicar o Eixo (a questão do volfrâmio). Foram muitas as dificuldades para conseguir a paz no País, coisa que uns queriam e outros não.
De qualquer forma, o que pretendo destacar foi a situação única, irrepetível, de um Estado, perante um conflito, assumir formalmente o estatuto de neutralidade e, não obstante, auxiliar um dos beligerantes. Isto, os analistas estão certos, nunca voltará a acontecer.
Mas o mais engraçado nesta política, ditada pela absoluta necessidade, é o facto de o próprio Salazar reconhecer a estranheza.
No seu discurso de 18 de Maio de 1945, tem, a seguir à referência expressa à neutralidade colaborante, a seguinte frase (et pour cause, em parêntesis):
«(Apresento o adjectivo como traduzindo a realidade seja qual for a dificuldade dos internacionalistas em proceder à classificação)».
Discursos e Notas Políticas, IV, 1943-1959, p. 105.

Por esquisito que pareça, acho muito bem um post sobre neutralidade colaborante no Natal.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O motor 1100

Na revista n.º 1100 (e por causa disso) da Auto-Hoje, desta semana, vem um artigo sobre os motores com a cilindrada de 1100cm3.
Era um motor barato, fiável, capaz de durar muito tempo.
Foi muito utilizado em montes de carros: Peugeot, Renault, Simca, Mini, etc..
Foi, durante muitos anos, o motor base destas marcas que era, depois, adaptado a vários modelos.
Mas na reportagem omitem um exemplar único:
Em 1978, a 4L aparece com um novo motor 1108 cm3, além de aparecer com um novo interior e uma nova sigla: GTL.
Posso dizer, porque sei bem do que falo, que era mesmo um motor bem fiável; aguentava velocidades estonteantes (120km/hora) em auto-estrada, aguentava altas rotações (chegar aos 80 em 2.ª ou aos 110 em 3.ª) e, claro, tinha uma grande potência: 34 cv!
Uma vez, na auto-estrada a norte de Aveiro, aproveitando uma descida grande, com uma curva suave, ao fundo, para a esquerda, cheguei aos 160km/hora. Mas foi pouco tempo porque me lembrei do que me poderia acontecer se me rebentasse, naquele instante, um pneu.

Enfim, aquilo era um carro não era um comboio.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Matrículas

GZ-54-09  PF-26-11   OL-70-95     IV-43-14    HX-52-76     33-DD-77    GI-95-00   38-83-CQ
 ER-73-98   UC-70-23, EN-15-30   etc., etc., etc.

Não sei porquê, tenho boa capacidade para fixar matrículas de carros.
Uns são ou foram meus; outros de amigos ou parentes, outros ainda de pessoas que nem conheço.
Vendo um carro várias vezes (não têm que ser muitas) na mesma rua ou nas proximidades, acabo por fixar a matrícula.
Isto não tem valor nenhum mas às vezes não deixa de ter a sua graça. Por exemplo, encontrar um carro com uma matrícula a seguir ou a antecedente a centenas de quilómetros do sítio estava o carro meu conhecido.
Decoro as matrículas de carros estranhos ou porque as vejo muitas vezes ou porque elas me dizem alguma coisa. Está uma aí em cima que fixei apenas porque se refere à Estrada Nacional n.º 15, e ao Km 30, que é onde fica Penafiel (e eu morei perto).
Enfim, nada de perigoso nisto, não ando a fazer uma base de dados para isto.
É só curioso.
A imagem foi retirada daqui, onde se descreve uma colecção de chapas de matrícula de vários países. Cheguei a ter algumas ainda em metal.