terça-feira, 29 de setembro de 2009

As minhas R4

Tive três.
Da primeira pouco falo porque só a tive 4 meses. Circulava na variante de Grândola e fui albarroado por outro carro. Felizmente, a seguradora pagou a sua parte e com esse dinheiro comprei outra. O carro foi para a sucata mas alguém achou maneira de ele voltar a circular. Anos depois, voltei a ver esse carro em Lisboa, na rua da Sé (suponho que seja este o nome porque a rua desce junto à Sé para a Madalena).
De qualquer forma, esta carrinha foi para mim uma evolução enorme. Eu tinha vindo de uma Mini Ima de que não via o capot, ou a estrada ou o que fosse. Na 4L, eu via tudo, principalmente, os dois cantos da frente do carro.
E não tinha que me levantar do banco para ver isto tudo.

Só diz mal do Mini quem nunca teve um. Mas eu reconheço que era um carro esquisito.
Tinha um volante e uma alavanca das mudanças que mais parecia de um camião!
Depois tinha 5 chaves, o que é uma coisa incrível para um carro tão pequeno. Mas isto, pensando pela cabeça de um inglês, até é natural e lógico.
Uma chave para a ignição; outra para a porta do condutor; outra para a porta da mala; outra para o tampão da gasolina; a quinta para a abrir o capot.
A minha Mini Ima tinha duas portas traseiras, isto é, era diferente das outras que andavam por aí, segundo me apercebi desta notícia.
Depois, falarei das outras duas R4 que tive.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Café Hag

Este anúncio foi publicado no Almanaque de Janeiro de 1960.
Nunca ouvi falar desta marca de café mas parece que foi muito famoso. A empresa era alemã [Kaffee Handelsgesellschaft AG (Kaffee HAG)] mas acabou, tanto quanto sei, por ser comprada por uma rival americana. Mas nada sei sobre isto.
Já era descafeinado o que levou à criação de diversos cartoons.
Pode-se ver aqui outro anúncio.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A mentira campeâ


Gosto mais de História do que do presente.
No entanto, vou vendo o que se passa à minha volta. Da mesma maneira que gosto de História, detesto um mentiroso. Eu sei que cada um conta as coisas à sua maneira mas há pequenos factos que são nossos, da nossa vida e sobre os quais não há qualquer dúvida. Ou aconteceram ou não aconteceram.
Não se trata da mentira social, da mentirita, daquilo que, de repente, nos salva de um embaraço (ou nos mete noutro, claro). Trata-se antes de pura mentira, trata-se de algo que todos sabem que não pode ter acontecido, que não aconteceu.

Vem isto a propósito da recente entrevista de Carolina Patrocínio ao jornal i. O texto, no que me interessa, é o seguinte:

«Desde que idade vota? Votou sempre no Partido Socialista?

Desde os dezoito anos, ou seja, desde 2005. Para as legislativas votei sempre PS. Em outras eleições não necessariamente, depende dos candidatos...»

Como é sabido, esta rapariga em Fevereiro de 2005 não tinha 18 anos, logo, não podia votar (tinha idade para estar recenseada, claro, mas não para votar).
Admito, pois que não tenha votado nas eleições legislativas de Fevereiro de 2005.
Mas, então, porque carga de razão ela disse isto?
Só vejo um hipótese: ela mente, claro, e está-se nas tinta para esse facto. Ela mente porque pode.
Custa-me imenso ver uma mulher inteligente desculpar isto como se de uma má comunicação se tratasse: «Provavelmente quereria dizer que seria o partido no qual votaria, assumindo uma posição de votante quando era apenas apoiante». Mas, enfim, cada um vê o que quer.
Não é caso único a respeito deste tipo de mentira óbvia; isto, não obstante a sua infantilidade ou a sua imbecilidade, não é novo.
O Primeiro Ministro também disse (citado em segunda fonte):
«Sou, digamos assim, da geração Kennedy. Essa eleição representou já um momento histórico. Lembro-me do debate que houve na América quando, pela primeira vez, um católico se candidatou a presidente. O próprio Kennedy teve de vincar bem que nunca receberia ordens do Papa enquanto presidente dos EUA. Lembro-me bem do que isso significou».
É óbvio que o PM não tinha idade (três anos e pouco) para se lembrar disto e muito menos de qualquer significado que o facto tivesse.
E, no entanto, disse-o.
Como é que eles conseguem dizer estas coisas com confiança, acreditando eles próprios no que dizem?
Também só vejo uma hipótese, a mesma: mentem porque podem, porque estão convencidos que podem mentir sem censura, que ninguém os vê a mentir.
É só isto que me baralha muito.
O facto de ambos serem do PS não deve ser coincidência porque não me lembro de alguém mentir assim sobre factos da sua própria vida e em público.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Uma compra

Já fiz a minha encomenda.
Com um bocado de sorte, vai cair nas vésperas do meu aniversário.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Um poema


Bô é um tempo
De giestas agrestes
Que crescem nas mãos áridas e rudes
Do povo transmontano.

Bô, é o reino maravilhoso
Da silenciosa solidão.

Bô, é um vento frio
Que fustiga o campanário hirto e forte da igreja.

Bô, é um dia de festa, mas um só dia,
Na romaria emigrante,
Com muito dinheiro suado
E com alfinetes espetado
No andor do santo, cego e mudo
o povo
aos ombros,
pelo povo, é levado!

Bô, bô,
Tanto bô e bô tanto por nada.

O bô é nosso!
De mais ninguém!

Bô, é um grito
Fechado de liberdade.

Mesmo que os finos
Portugueses de Lisboa
Nos acusem de dizer Bô
Por tudo e por nada,
Nós diremos:
- Bô, isso é mentira!

Carlos Moreno