domingo, 27 de dezembro de 2009

Prendas

Recebi algumas prendas (também dei outras), entre elas três livros de BD que gosto muito.
O que está aí em cima, The League of Extraordinary Gentlemen, de Allan Moore e Kevin O'Neill.
Allan Moore, para mim, é dos melhores autores de banda desenhada desde os anos 80, altura em que apareceu o Watchmen. Foi feito um filme recentemente que está bem fiel ao livro.
Outro é este:
O Batman, de Frank Miller, ou, melhor dizendo, The Dark Knight Returns, também dos anos 80. Foi um relançamento estrondoso desta figura.
Por último, este:
O livro Sin City é do mesmo autor que o anterior. Todo a preto e branco, é horrível.
Ou seja, é mesmo de horror, de violência. Mas eu gosto.

Também recebi um pijama.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Boa colecção

Gostei muito desta colecção e não imaginava a quantidade e o tipo de objectos que pudessem ser nela incluídos.
Cadeiras, carros, ganchos, saca-rolhas, isqueiros, estantes, sei lá que mais.
Ao longo destas 15 semanas era sempre com tristeza que chegava ao fim do livro, queria sempre ver mais coisas.
O último volume tem diversos índices completos de tudo o que consta na colecção (objectos, designers, com indicação dos respectivos trabalhos, categorias).
Tenho pena, claro, que a 4L não esteja representada. E não é por ser fanático por ela que digo isto. A 4L tem um desenho original, apelativo e é um ícone de diversas gerações; talvez por estar mais ligada ao trabalho, ela não teve o seu valor totalmente reconhecido, designadamente, no confronto com outros rivais (desde logo o 2 CV). Tinha também aquilo que, por qualquer razão que desconheço, apenas foi gabado no R 16: a quinta porta.
Mas adiante.
Também tem algumas motas como esta vespa; tem mesmo a V-Rod, embora em termos de estilo prefira muito mais a Rocker C.
É claro que uma colecção deste género não pode agradar a todos e cada um de nós faria uma coisa diferente.
Mas isto em nada contende com a qualidade dos livros.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Bonecos

Há dias vi no Ié-Ié uns bonecos dos Beatles.
Claro que não tenho a capacidade de competir a este nível mas também tenho uns bonecos desse grupo.
Foram-me trazidos do Brasil.
O remetente é bom e a encomenda também.
Os bonecos são estes:
Já estão, um ou outro, um bocado esmurrados mas eu gosto deles na mesma.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Marialva

Este era o início de um capítulo, no Almanaque de Junho de 1960, sobre a nova carta de guia de casados.
Trata-se de um conjunto de perguntas e respostas entre marido e mulher mas com uma característica específica: o que ela pergunta, o que ele responde, o que ele pensa e o que ele queria responder.
Engraçado.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O Prémio Nobel

Quando soube quem era o escolhido para o Prémio Nobel da Paz, lembrei-me imediatamente deste boneco do Quino:



terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Valença


(A foto é daqui)
Morei em Valença cerca de um ano.
De início, fiquei num quarto mesmo no centro, dentro da muralha, Ao fim de um mês, tive a sorte de ir para casa de uma pessoa conhecida no lado de fora (hoje é um albergue de peregrinos!).
Gostei imenso desta terra. Além de ser bonita, era simpática, com muito comércio para espanhol (toalhas e bacalhau molhados pelas chuva vendidos ao quilo), com muito boa comida.
Almoçava e jantava no Zé Maria. Na altura, era na estrada para Monção, uma casa pequena e escura, acanhada. Depois mudou, ainda na mesma estrada, para um prédio novo, uma sala grande com uma excelente vista para a fortaleza.
Ia a Monção ao domingo, no comboio, ver uns amigos. Por vezes, várias vezes, fui a Paredes de Coura, uma terreola bem simpática onde vi uma coisa que não voltei a ver em lado nenhum: uma serração de madeiras movida a água.
Cheguei a ir a Viana, ao Porto e, claro, a Vigo. Não conhecia nada disto, eu, provinciano de Lisboa.
Há poucos anos voltei lá e gostei bastante; não tive saudades mas também não tive desilusões.

domingo, 29 de novembro de 2009

Beatles 3000 AD

Daqui a 1000 anos, os Beatles foram redescobertos, quero dizer, foram achados de novo.
Uma equipa de arqueólogos, antropólogos e quejandos relatam as suas impressões no documentário que se segue.

Imperdível.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A minha TV favorita

Encontrei esta fotografia aqui (também tem uns carimbos para editores bem engraçados) e fiquei apaixonado por esta TV.
Desta eu gosto e bastante.
Eu não gasto por semana duas horas à frente da televisão, salvo um ou outro filme ou programa em que tenha mesmo interesse. Acho muito mais bem empregue esse tempo a ler.
Não tenho nada contra a televisão, simplesmente não gosto. Mas há programas que eu detesto e que mais firmam a minha condição perante tal aparelho. Refiro-me, desde logo, aos debates entre pessoas que falam, peroram sobre assuntos que apenas conhecem, e mal, pelos jornais (péssima fonte para saber seja o que for), programas de bola (acho que à segunda-feira dão três ou quatro), tardes enfadonhas e estupidificantes, etc..
É muito mais interessante ler um livro e, por isso, gostei imenso do modelo de TV que está aí em cima.

sábado, 21 de novembro de 2009

A minha 2.ª 4L

Comprei-a em Abril e vendi-a em Dezembro do ano seguinte com 62.000Km.
Claro que quando foi a hora de trocar, o concessionário da Renault tirou-lhe 30.000Km!
Como se pode calcular, fartei-me de fazer viagens com ela. Para chegar a casa demorava 7 horas e alguns fins de semana chegava a fazer 1200Km.
Uma das viagens aventureiras (ou tolas) foi da Vide para a Torre. Ao passar por cima de Loriga, vi uma seta que indicava: «Torre». Claro que me meti por esse caminho que não era estrada coisa nenhuma. Era um caminho de pedras, de fragas, sempre a subir, a 4L ia pondo uma roda num sítio, depois era a outra roda, etc..
O céu começa a escurecer com nevoeiro (foi em Dezembro) mas ela vai sempre subindo, sempre subindo.
Finalmente, chego ao pé da Torre que estava como se pode ver:
Isto estava tão mau (entretanto chegou a noite) que passei o cruzamento para Manteigas sem o ver.
Mas lá cheguei a casa pela 1 da manhã.
Numa outra vez, pelas 11 da noite, estava a descer o Buçaco quando de repente fico sem luz nenhuma! Apanhei um susto levado da breca.
Felizmente, ia muito devagar e, quando desfaço a curva, a luz volta. Mais um pedaço para diante, acontece a mesma coisa. E depois passou. Não sei o que lhe aconteceu mas pregou-me um susto valente.
Mas todo o peru tem o seu Natal e veio o dia em que troquei a 4L por um carro topo de gama!
Este:

É claro que não é isso que eu disse mas para mim era um luxo.
Tinha vidros eléctricos, comando de abertura das portas, sei lá que mais.
Tive-o durante dois anos e foi vendido com 68.000Km. Mais uma vez, a Renault tirou-lhe 30000Km.
Deve ser hábito.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Terras onde vivi

Vou contar aqui os sítios por onde passei, melhor, os sítios onde vivi.
Tive a sorte de andar de terra em terra durante alguns anos e de cada uma delas tenho algumas coisas.
Não falo, ao contrário do que disse no início, de sítios por onde passei; felizmente são muitos mas não me chegam.
Prefiro as terras onde vivi mesmo, onde conheci pessoas diferentes, climas diferentes, problemas diferentes. Mesmo as terras onde morei e de que hoje não gosto (como não gostei na altura) até àquelas de que gostei muito, mesmo aquelas de que na altura não gostei e hoje gosto, etc..
Um conselho (ou aviso) que sempre recebi dos meus Pais foi: «quando fores independente, não fiques tão perto que tropecemos sempre uns nos outros; nem tão longe que nunca nos vejamos». Pela minha parte tentei cumprir e a verdade é que nunca vivi fora de Portugal.
Mas não resisto a começar isto por uma contradição.
Esta:
Nunca vivi nesta terra mas passei muitos meses nas férias (realmente) grandes. Trata-se da terra das minhas avós aonde de vez em quando vou. As aldeias vizinhas (logo, rivais) chamavam-lhe a covancha porque fica numa pequena cova.
Não me incomoda. A covancha colhe calor e debaixo de qualquer árvore há sombra.


Vou tentar colocar cada uma delas uma vez por mês; empata-me o tasco por cerca de uma ano.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Caricaturas

É esta a expressão que me ocorre a respeito deste livro.
O 50.º aniversário do Asterix devia ser comemorado com pompa e circunstância e não me parece que este livro dê alguma ajuda para isso.
A chama do Gaulês desapareceu em 1977 e quanto a isso não há volta a dar-lhe.
Assim como assim, prefiro as caricaturas que estão neste livro:
Mas ainda assim, encontrei uma outra caricatura engraçada na p. 26:
Não foi esta a primeira vez que os Beatles apareceram no Asterix e tenho de reconhecer que o boneco está muito bem conseguido.
Nem, claro, é esta a primeira vez que a capa do Abbey Road é imitada; pode ver aqui uma lista bem interessante.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Uma História da América

Em Outubro de 1998 uma amiga foi aos EUA e perguntou-me se eu queria alguma coisa de lá. Disse-lhe que queria uma História dos EU que não fosse elementar ou que não fosse demasiado completa, volumosa.
Trouxe-me esta, de Paul Johnson.
Grande livro!
Quase mil páginas, sem índices, tudo é descrição do modo como se fez aquele grande país. Eu admiro imenso os EU e, particularmente, a sua fundação. No decurso do livro, vamo-nos apercebendo que (1.º) o território era tão vasto que tinha que ser ocupado (independentemente ou não obstante as diversas crenças religiosas cristãs que os motivaram) e (2.º) e que o registo dos factos e das opiniões é contemporâneo desse tempo da fundação. Eles, os cultos, claro, escreviam tudo, faziam panfletos por tudo e por nada (actuais blogues sem imposto sobre o papel) e deixaram marcas. E isto torna a história da América mais fascinante e mais completa, mais fácil de compreender.
O autor não esconde o amor que tem pelo país e pelas pessoas que o fizeram. Aliás, melhor que um descritor de eventos, ele assume as suas paixões, as suas inclinações por uma pessoa, por um conjunto de dados, por uma circunstância política qualquer. Bons exemplos disto são as suas considerações a propósito de JFK e Camelot e sobre Watergate.
No que mais para trás diz respeito, em termos de tempo, o que vemos no livro é uma admiração enorme pelas pessoas que fizeram aquilo, desde logo, os Foundig Fathers.
O livro divide-se em oito partes que se datam da seguinte maneira: 1850-1750, 1750-1815, 1815-1850, 1850-1870, 1870-1912, 1972-1929, 1929-1960 e 1960-1997.
Não quero escrever os nomes destas partes; estão em inglês, poderia parecer pedante e, de certeza, perderia o seu sentido.
Recebi este livro (ISBN 0-06-016836-6) em Outubro de 1998.
Gosto sempre de o ler.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O melhor carro do mundo

Não sei qual seja o melhor carro do mundo.
Eu gosto muito do Mercedes, do Jaguar, do EFIJY, etc..
Mas será algum destes o melhor do mundo?
Não faço ideia e estou-me nas tintas. Às vezes digo que não me lembro do nome do melhor carro do mundo, outras digo que não sei ou que não quero saber.
E sei, claro, porque digo isto.
É que eu sei qual é o segundo melhor carro do mundo.
Este:
Sabendo qual é o segundo, que preocupação hei-de ter com o primeiro?
Não me diz nada.
Naturalmente, há nisto alguma contenção, alguma objectividade, alguma (até) modéstia.

Se for o contrário, se eu não me contiver, se eu for subjectivo e vaidoso, então eu tenho que dizer:

A 4L É O MELHOR CARRO DO MUNDO!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Mercedes 300SL

Esta fotografia é tirada do Almanaque de Novembro de 1960.
Talvez seja o carro mais espantoso da Mercedes.
Embora a revista tenha 4 ou 5 modelos desta marca e embora já tenha posto aqui um outro, repito este tipo de post por uma razão.
Recentemente, a marca fez algo semelhante com um resultado espantoso, também: o SLS-AMG.
Um carro simpático que, com 6,3 litros, desenvolve 571 cavalos!
Trata-se de um carro semelhante cuja apreciação pode ver-se aqui (de onde tirei a fotografia).
Mas para mais e melhores pormenores nada como ir à fonte.
P.S.
Há tempos queixei-me que para andar de Mercedes tinha que andar de taxi. Poucos dias depois, foi o test drive da marca e lá consegui conduzir um Classe C (220D, creio eu).
Foi bom.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Música & Som

Há pouco deixei um comentário no Beatles For Ever a respeito desta revista.
Este foi um número especial dedicado aos Beatles, à sua história e música. Foi a primeira vez que li alguma coisa a sério a respeito deles. Já conhecia as canções (o «Rock'n'Roll Music» tinha saído há dois anos; o «Love Songs» estava acabado de publicar; em 73 tinham sido editados os Albuns Vermelho e Azul) mas gostei muito de saber a história.
Esta revista foi publicada em Fevereiro de 1978 e custava 30$00.
Ainda hoje tenho esta revista religiosamente guardada.
Ainda bem!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Uma largueza

Dizem que é a Sé mais larga do País.
Não sei pois nunca a medi; mas reconheço que é larga.

sábado, 10 de outubro de 2009

Água tónica

Este é o anúncio dos produtos da Schweppes, entre eles, a melhor água tónica do mundo.
Foi publicado no Almanaque de Agosto de 1960.
Não bebo bebidas destiladas (aguardente, uísque, etc.) mas abro, raramente, um excepção para o melhor gin-tonic: Gordon's e Schweppes. É das bebidas mais refrescantes que conheço.

domingo, 4 de outubro de 2009

Não voto para a Câmara

Nas eleições autárquicas não discutimos o TGV, o aeroporto de Lisboa, o BPN e essas coisas. Discutimos o que nos é mais próximo no dia a dia (se os esgotos funcionam, se a rua está com bom piso, se não falta água nas casas, etc.). Há uma muito maior relação de proximidade entre nós e o resultado da eleição.
Por isso, posso ter uma razão puramente pessoal, comezinha, para votar neste ou naquele ou mesmo para não votar.
É isso que eu faço.
Há 2 anos e tal, quis fazer uma garagem para a minha Cachopa (a que está aí em cima). Fui à Câmara informar-me do que era preciso e logo me falaram em planta geo-localizada, em arquitecto, etc. Embora espantado, e pagando, cumpri esta parte. Mas depois começaram a pedir plantas de localização, de reservas e sei lá que mais.
Mas isto é só para uma garagem para uma mota.
Que é mesmo assim, desde que haja betão é como se fosse uma casa, etc..
A certa altura, falaram-me em «obra de pequena dimensão» e que não seria necessária tanta coisa. Fomos ver o regulamento municipal das obras e, para ser mais simples, a garagem tinha que ficar a 6m da parte de trás da casa.
Bom; eu tenho um quintal, não tenho uma quinta. Ou seja, não tenho 6m para trás.
Como não ia fazer a obra clandestina (embora muita gente me disse para fazer e pagar a multa depois), optei por outra coisa:
Trata-se de um abrigo da Maxmat onde cabem a Cachopa e mais uma série de coisas. Não entra chuva, é relativamente fácil de montar (levou um dia com um amigo carpinteiro, mas faz-se bem), a mota está lá muito bem, etc. e tal.
Por esta razão, não voto em qualquer Câmara que tenha um regulamento de obras que me impede que eu faça uma garagem porque tenho um quintal pequeno.
Quando mudarem o regulamento, talvez vote.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

As minhas R4

Tive três.
Da primeira pouco falo porque só a tive 4 meses. Circulava na variante de Grândola e fui albarroado por outro carro. Felizmente, a seguradora pagou a sua parte e com esse dinheiro comprei outra. O carro foi para a sucata mas alguém achou maneira de ele voltar a circular. Anos depois, voltei a ver esse carro em Lisboa, na rua da Sé (suponho que seja este o nome porque a rua desce junto à Sé para a Madalena).
De qualquer forma, esta carrinha foi para mim uma evolução enorme. Eu tinha vindo de uma Mini Ima de que não via o capot, ou a estrada ou o que fosse. Na 4L, eu via tudo, principalmente, os dois cantos da frente do carro.
E não tinha que me levantar do banco para ver isto tudo.

Só diz mal do Mini quem nunca teve um. Mas eu reconheço que era um carro esquisito.
Tinha um volante e uma alavanca das mudanças que mais parecia de um camião!
Depois tinha 5 chaves, o que é uma coisa incrível para um carro tão pequeno. Mas isto, pensando pela cabeça de um inglês, até é natural e lógico.
Uma chave para a ignição; outra para a porta do condutor; outra para a porta da mala; outra para o tampão da gasolina; a quinta para a abrir o capot.
A minha Mini Ima tinha duas portas traseiras, isto é, era diferente das outras que andavam por aí, segundo me apercebi desta notícia.
Depois, falarei das outras duas R4 que tive.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Café Hag

Este anúncio foi publicado no Almanaque de Janeiro de 1960.
Nunca ouvi falar desta marca de café mas parece que foi muito famoso. A empresa era alemã [Kaffee Handelsgesellschaft AG (Kaffee HAG)] mas acabou, tanto quanto sei, por ser comprada por uma rival americana. Mas nada sei sobre isto.
Já era descafeinado o que levou à criação de diversos cartoons.
Pode-se ver aqui outro anúncio.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A mentira campeâ


Gosto mais de História do que do presente.
No entanto, vou vendo o que se passa à minha volta. Da mesma maneira que gosto de História, detesto um mentiroso. Eu sei que cada um conta as coisas à sua maneira mas há pequenos factos que são nossos, da nossa vida e sobre os quais não há qualquer dúvida. Ou aconteceram ou não aconteceram.
Não se trata da mentira social, da mentirita, daquilo que, de repente, nos salva de um embaraço (ou nos mete noutro, claro). Trata-se antes de pura mentira, trata-se de algo que todos sabem que não pode ter acontecido, que não aconteceu.

Vem isto a propósito da recente entrevista de Carolina Patrocínio ao jornal i. O texto, no que me interessa, é o seguinte:

«Desde que idade vota? Votou sempre no Partido Socialista?

Desde os dezoito anos, ou seja, desde 2005. Para as legislativas votei sempre PS. Em outras eleições não necessariamente, depende dos candidatos...»

Como é sabido, esta rapariga em Fevereiro de 2005 não tinha 18 anos, logo, não podia votar (tinha idade para estar recenseada, claro, mas não para votar).
Admito, pois que não tenha votado nas eleições legislativas de Fevereiro de 2005.
Mas, então, porque carga de razão ela disse isto?
Só vejo um hipótese: ela mente, claro, e está-se nas tinta para esse facto. Ela mente porque pode.
Custa-me imenso ver uma mulher inteligente desculpar isto como se de uma má comunicação se tratasse: «Provavelmente quereria dizer que seria o partido no qual votaria, assumindo uma posição de votante quando era apenas apoiante». Mas, enfim, cada um vê o que quer.
Não é caso único a respeito deste tipo de mentira óbvia; isto, não obstante a sua infantilidade ou a sua imbecilidade, não é novo.
O Primeiro Ministro também disse (citado em segunda fonte):
«Sou, digamos assim, da geração Kennedy. Essa eleição representou já um momento histórico. Lembro-me do debate que houve na América quando, pela primeira vez, um católico se candidatou a presidente. O próprio Kennedy teve de vincar bem que nunca receberia ordens do Papa enquanto presidente dos EUA. Lembro-me bem do que isso significou».
É óbvio que o PM não tinha idade (três anos e pouco) para se lembrar disto e muito menos de qualquer significado que o facto tivesse.
E, no entanto, disse-o.
Como é que eles conseguem dizer estas coisas com confiança, acreditando eles próprios no que dizem?
Também só vejo uma hipótese, a mesma: mentem porque podem, porque estão convencidos que podem mentir sem censura, que ninguém os vê a mentir.
É só isto que me baralha muito.
O facto de ambos serem do PS não deve ser coincidência porque não me lembro de alguém mentir assim sobre factos da sua própria vida e em público.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Uma compra

Já fiz a minha encomenda.
Com um bocado de sorte, vai cair nas vésperas do meu aniversário.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Um poema


Bô é um tempo
De giestas agrestes
Que crescem nas mãos áridas e rudes
Do povo transmontano.

Bô, é o reino maravilhoso
Da silenciosa solidão.

Bô, é um vento frio
Que fustiga o campanário hirto e forte da igreja.

Bô, é um dia de festa, mas um só dia,
Na romaria emigrante,
Com muito dinheiro suado
E com alfinetes espetado
No andor do santo, cego e mudo
o povo
aos ombros,
pelo povo, é levado!

Bô, bô,
Tanto bô e bô tanto por nada.

O bô é nosso!
De mais ninguém!

Bô, é um grito
Fechado de liberdade.

Mesmo que os finos
Portugueses de Lisboa
Nos acusem de dizer Bô
Por tudo e por nada,
Nós diremos:
- Bô, isso é mentira!

Carlos Moreno

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

No Porto

Estive uns dias no Porto. Fiquei em casa de uns amigos que moram ao pé da Praça Velasquez, agora chamada Praça de Francisco Sá Carneiro.
Não obstante estar tão perto da Fernão de Magalhães, esta ruazinha é mesmo do mais calmo que há.
Lá se deu, como sempre, o passeio pela cidade.
Estava um óptimo dia e só quem não conhece a cidade é que pode dizer que está sempre a chover!
Vistas umas montras, feitas umas compras, fomos tomar café ao Majestic, na Rua de Santa Catarina.
O cimbalino tinha um excelente aspecto e estava muito bom:
Paguei por ele €2! Parecia que estava em Paris.
Mas soube bem, que é o que interessa.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Um carrão

Este era o anúncio do Almanaque ao Mercedes 220 SE.
Era, como se vê, um carrão.
Meu Pai teve um, comprado em segunda mão, que era fabuloso. Espaçoso, potente, confortável. Muitas viagens se fizeram neste carro.
Mas o melhor de tudo era o seu interior:

O velocímetro era ao alto, não era um ponteiro que girasse num eixo. Conforme a velocidade aumentava, a barra subia e mudava de cor!
Sempre na vanguarda.
Hoje só ando de Mercedes quando tenho que utilizar um táxi e talvez um dia consiga arranjar um.
Mas este não é o melhor carro do mundo. Existe outro de que eu gosto muito mais.
Mas isso fica para outro dia.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Almanaque

Trouxe do sítio onde estavam um conjunto das revistas Almanaque.
Não tenho a colecção toda mas o conjunto que tenho vai de Novembro de 1959 a Março/Abril de 1961.
Não tenho ambição de competir com os Dias que Voam, cujo manancial de coisas antigas é tremendo; mas, ainda assim, tentarei colocar aqui alguma coisa de jeito. Aliás, já tenho em mente um excelente anúncio de um excelente produto.
Mas fica para diante.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ainda o Apollo XI

Quem chegou lá primeiro?
Fica a eterna dúvida.

sábado, 18 de julho de 2009

Sobre o Tintin


Este é um dos livros mais curiosos sobre o Tintin. Trata-se do D'Abdallah à Zorrino. Le dictionnaire des noms propres de Tintin.
O seu autor é Cyrille Mozgovine.
Tudo que seja um nome em qualquer dos álbuns do Tintin está neste livro.
Além dos personagens principais, basta a simples menção de qualquer nome para que ele esteja registado neste livro.
Dou dois exemplos: Alonzo (no Templo do Sol, 8,8) e Olsson (Carvão no Porão, 43, 14).; este último é apenas um nome que consta duma mala!
Claro que lá está o grosso da família:

Em suma, um livro bastante recomendável.

sábado, 11 de julho de 2009

Help!


Sempre pensei que não gostava muito deste LP.
Sei que não é dos melhores (deve haver quatro ou cinco à frente) mas isso não me impede que goste dele, claro; se calhar gosto menos.
Outro dia estive a ouví-lo de fio a pavio e fiquei espantado com a impressão que me deixou.
Pode não um grande conjunto de músicas mas tem algumas absolutamente imperdíveis.
Help!, Ticket to Ride, You're Gonna Loose That Girl, You've Got to Hide Your Love Away e, claro, Yesterday.
Das canções que não são assinadas por eles, é claro que o destaque vai para Dizzy Miss Lizzie.
Afinal, é um grande LP!

terça-feira, 30 de junho de 2009

Grandes livros

Tive a sorte de começar a ler cedo e de lhe ter apanhado o gosto.
Claro que primeiro, além dos livros da escola, foi a banda desenhada. Lia tudo o que apanhasse quer fosse dos irmãos mais velhos quer dos amigos.
O primeiro livro a sério que li foi, como acho que não podia deixar de ser, dos Cinco (Nova Aventura dos Cinco).
Mais tarde fui lendo os outros da mesma colecção e comecei a ler os Sete.
Gostei menos mas ainda assim lá os li.
Mas houve uma colecção que me encheu as medidas: Gente Grande Para Gente Pequena.
São pequenas biografias de pessoas tão variadas como Luís de Camões, Fernão de Magalhães, Serpa Pinto, Gutenberg, Wagner, Madame Curie, etc. e tal.
O seu autor era Adolfo Simões Müller e escrevia para crianças e jovens (vim depois a saber que a ele se deve a apresentação de Tintin em Portugal).

De toda a colecção, os que mais me impressionaram e os de que mais gostei, foram O Capitão da Morte, O Grande Almirante das Estrelas do Sul e O Homem das Mil Invenções.
O primeiro trata de Robert Scott, o segundo homem a chegar ao Polo Sul e que morreu perto desse local e nessa expedição.
Claro que não se fala do mau feitio de Scott, antes se enaltece a vontade de vencer e para mais na derrota.
O segundo trata de Gago Coutinho, o aviador que, juntamente com Sacadura Cabral, fez a viagem Lisboa-Rio de Janeiro em 1922 de avião. Melhor será dizer de «aviões» pois que foram utilizados três aparelhos.
O terceiro trata de Tomás Edison, o genial inventor.
Acho que foi deste livro que gostei mais. Lembro-me da parte em que ele é salvo por um homem do comboio (onde tinha instalado já o seu laboratório) agarrando-o pelas orelhas e lembro-me também da parte em que ele aceita fazer um anúncio a uma casa de chá: só tinha que estar na montra a beber chá constantemente e a sorrir o tempo todo!
Mais haveria a dizer mas agora fica só a capa de O Capitão da Morte
Boas leituras!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Frases de jornalistas

Algumas frases utilizadas pelos profissionais do jornalismo e o que as mesmas frases querem dizer.
1- Telefonou-me ontem o Dr. X…
Consegui, à sétima tentativa, que o Dr. X viesse ao telefone
2- Não posso dizer quem me deu a notícia.
Disseram-me na Brasileira.
3- Corria ontem em Madrid o boato…
Ontem em Madrid não corria nenhum boato mas, agora, é natural que passe a correr.
4- Almocei ontem com o Dr. Y.
Vi o Dr. Y no restaurante onde eu estava a almoçar.
5- Fontes geralmente bem informadas…
O empregado do meu cafá.
6- O nosso correspondente em Marselha…
Aquele tipo de Marselha que escreve para todos os jornais.
7- Como previ há 5 anos.
Ninguém se lembra do que eu dissa há 5 anos.
8- Não trataram o representante da imprensa com o devido respeito…
O porteiro não me deixou entrar de borla.
9- O senhor sabe com quem está a falar?
Ou faz o que eu quero ou invento uma patranha a seu respeito.
Do Almanaque de Fevereiro de 1961 pp. 47-48

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Uma biografia


Acabei de ler a biografia de Marcello Caetano.
Não é bem uma biografia mas antes um conjunto de comentários e factos a respeito de uma pessoa. Como biografia, parte de um pressuposto singular: que o leitor conheça já a vida do biografado. Ou seja, quem não a conhecia e lê este livro pouco mais fica saber.
Existem três ou quatro erros sem grande importância mas que são irritantes e mostram falta de atenção. Por exemplo: falando de Timor (e logo de Timor, que fica no Pacífico), a autora diz duas vezes (88 e 90) que a 2.ª GG acabou em Maio de 1945. Não é certo.
Fala, a certa altura, e talvez por graça (não se percebe o contexto) ou apenas a título de curiosidade, do «marcelino»; mal pois que o nome, conforme sabe António Miguel Trigueiros (p. 196), é «marcelinho».
Da vida académica de MC pouco é, realmente, contado. Aliás, não deixa de ser curioso que a autora publique cópias das capas de alguns livros mas não a daquele que o iria tornar uma figura ímpar do se. XX português (e não apenas político):

Entre 58 e 68, MC foi o que melhor podia ser: professor. Mas sobre isto, no capítulo intitulado «Magnífico Professor», a autora apenas reproduz o depoimento de algumas pessoas. Nada conta sobre o que ele foi escrevendo, as conferências que deu, as investigações que levou a cabo, etc. Ficamo-nos só e muito pela rama.

Ainda neste âmbito profissional, teria interesse saber algo mais do que o próprio conta nas suas Memórias e que a autora reproduz no livro (p. 62-63). Por exemplo, que professores compunham o júri, qual o seu percurso político, qual a sua atitude face à Ditadura. Ficaríamos a conhecer melhor a FDL de então e perceberíamos melhor o interesse destas provas. Também a respeito do encerramento desta faculdade, a autora nada diz; apenas o refere. Da mesma maneira a greve ao estágio: as razões, as pessoas, os factos.

Biografia mesmo, só os capítulos sobre as raízes de MC e o tempo de exílio no Brasil. Ainda assim, algo mais haveria a dizer.

Em suma, como biografia (e tem, a editora, a lata de chamar a isto «A biografia completa») é bastante pobre.
Eu seu que eu não faria melhor; mas de certeza que não chamaria a isto uma biografia.

sábado, 23 de maio de 2009

Despedida

Ao ler uns posts do Herdeiro de Aécio sobre alguns dos primeiros Presidentes dos Estados Unidos, lembrei-me da mensagem de despedida do primeiro deles (George Washington).
Trata-se de um texto escrito em colaboração com Hamilton que foi publicado em 19 de Setembro de 1796 no American Daily Advertiser; depois foi publicado, a 26 do mesmo mês, no The Independent Chronicle.
Washington não era homem de grandes discursos mas era um homem atento e conhecedor das coisas e das pessoas do seu País. A idolatria que hoje existe em volta da sua figura não era, de maneira nenhuma, partilhada pelos seus contemporâneos (o sempre deleal John Adams chamava-lhe Old Muttonhead), talvez porque eles o conhecessem melhor. Militar prestigiado pela sua capacidade de organização e de estratégia (como um seu sucessor, Eisenhower) e não pela sua luta (em nove batalhas, ganhou três), político federalista desde início, foi um dos Foundig Fathers dos EUA.

O respeito e a admiração pela obra que ajudou a criar estão patentes nesta sua mensagem de despedida.
Manter sempre a União; não gostava do bipartidarismo nascente porque achava que podia enfraquecer a Nação; evitar compromissos diplomáticos duradouros e, principalmente, evitar meter-se nos problemas dos outros; por último, um governo laico, de leis, à boa maneira de Locke, mas com moral.
Tudo isto no respeito por uma Constituição que a História iria fazer crescer.
Muito mais se pode dizer e ler sobre este homem; basta procurar.