quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Um poema


Bô é um tempo
De giestas agrestes
Que crescem nas mãos áridas e rudes
Do povo transmontano.

Bô, é o reino maravilhoso
Da silenciosa solidão.

Bô, é um vento frio
Que fustiga o campanário hirto e forte da igreja.

Bô, é um dia de festa, mas um só dia,
Na romaria emigrante,
Com muito dinheiro suado
E com alfinetes espetado
No andor do santo, cego e mudo
o povo
aos ombros,
pelo povo, é levado!

Bô, bô,
Tanto bô e bô tanto por nada.

O bô é nosso!
De mais ninguém!

Bô, é um grito
Fechado de liberdade.

Mesmo que os finos
Portugueses de Lisboa
Nos acusem de dizer Bô
Por tudo e por nada,
Nós diremos:
- Bô, isso é mentira!

Carlos Moreno

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