Como é sabido, na 2.ª GG, Portugal manteve-se à margem do conflito bélico; assumiu, desde início, a situação de neutral.
Contudo, era aliado da Inglaterra o que implicava obrigações de algum vulto.
Acabou Portugal por, em cumprimento da aliança, beneficiar os Aliados (base dos Açores) e prejudicar o Eixo (a questão do volfrâmio). Foram muitas as dificuldades para conseguir a paz no País, coisa que uns queriam e outros não.
De qualquer forma, o que pretendo destacar foi a situação única, irrepetível, de um Estado, perante um conflito, assumir formalmente o estatuto de neutralidade e, não obstante, auxiliar um dos beligerantes. Isto, os analistas estão certos, nunca voltará a acontecer.
Mas o mais engraçado nesta política, ditada pela absoluta necessidade, é o facto de o próprio Salazar reconhecer a estranheza.
No seu discurso de 18 de Maio de 1945, tem, a seguir à referência expressa à neutralidade colaborante, a seguinte frase (et pour cause, em parêntesis):
«(Apresento o adjectivo como traduzindo a realidade seja qual for a dificuldade dos internacionalistas em proceder à classificação)».
Discursos e Notas Políticas, IV, 1943-1959, p. 105.Por esquisito que pareça, acho muito bem um post sobre neutralidade colaborante no Natal.
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