Não interessa o tempo nem o que fizeram; de algum modo, todos fizeram algo muito relevante e, por isso, são recordados. Claro que muitos não fizeram bem, há sempre um filho da mãe ou outro que chega ao poder e faz o que quer. Aliás, das várias que tenho, talvez o único bonzinho seja o Thomas More.
Mas também gosto, mais ainda, das autobiografias. Fazem-me sempre rir e deixam-me sempre uma sensação de desconforto: como é que eles, sendo tão bons, tão capazes, tão sérios, não conseguiram executar os seus igualmente tão bons projectos, como é que não conseguiram implantar a sua tão boa visão das coisas e do mundo?
Enfim, mistérios.
A última que li foi a do Salazar, de Filipe de Meneses. Gostei mas estava à espera de melhor, de muito melhor. Por uma lado, depois de lida a do Franco Nogueira (mesmo que hagiográfica), qualquer outra parece incompleta; por outro, a expectativa à volta deste livro foi enorme.
Agora estou a ler a do Sá Carneiro, de Miguel Pinheiro. Estou a gostar imenso. Está bem escrita, claramente escrita, e é, até ver (ainda só cheguei ao 25 de Abril), realmente biográfica. No entanto, encontrei lá (p. 227) uma asneira que só pode ser fruto de distracção (não é caso para lapso). Escreve-se que em «Agosto de 1972 acabava o primeiro mandato de Américo Thomáz». Como é público, naquele mês terminava o seu segundo mandato (o primeiro de 1958 a 1965 e o segundo de 1965 a 1972).
Mas, tirando este erro, estou a gostar bastante do livro.
Está um neste grupo de que já falei e que, pura e simplesmente, não presta.
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